Os problemas da praia de Ponta Negra não se resumem apenas à desestruturação da orla e sujeira do maior cartão postal do Estado. Há mais de dez anos que barraqueiros, artesãos, turistas e banhistas esperam pela colocação de um banheiro público na área. Sem a menor condição das pessoas terem um local para fazer suas necessidades, a única solução, segundo pessoas que trabalham na praia, é recorrer às duchas ou mesmo ao mar.
Para chamar a atenção das autoridades do Município e do Estado quanto à essa problemática, o comerciante Emanoel do Cação instalou um “banheiro ideológico” em Ponta Negra, remetendo à necessidade da praia portar um espaço para utilização pública. Há seis anos, Emanoel vem realizando o mesmo protesto. Apesar de não ter conseguido ainda nenhum retorno verídico sobre a instalação do banheiro, ele afirma que essa é uma “luta contínua”.
“Por ser um problema recorrente há muitos anos, tive a ideia de fazer esse banheiro ideológico e chamar a atenção das pessoas. Esse é o sexto ano que estou aqui manifestando esse protesto. Minha ação é feita para que as pessoas olhem e sintam na pele que necessitamos de um espaço desse”, afirmou o comerciante. Emanoel já foi líder comunitário em Ponta Negra e disse que vem reunindo assinaturas para apresentar às autoridades.
“Já entreguei um abaixo assinado à Wilma de Faria, quando ela ainda era governadora; entreguei a Carlos Eduardo durante sua gestão passada e também deixei uma cópia com novas assinaturas para a ex-prefeita Micarla de Sousa. Mas nunca tive nenhum retorno da viabilidade da construção do banheiro”, disse. “Já ouvi rumores de que a construção do banheiro está dentro das obras da Copa. Mas quem acredita?”, indagou o manifestante.
Emanoel foi barraqueiro em Ponta Negra por 15 anos, trabalhando de domingo a domingo. Vivendo e sentindo diariamente as necessidades do descaso público, o comerciante afirmou que já perdeu clientes por causa da falta de um banheiro público na orla. “Eles passavam um tempo na minha barraca, mas quando questionavam onde seria o banheiro e viam que não havia nada relacionado, saiam imediatamente. Para nós, que trabalhamos aqui, a solução está em utilizar as duchas e os matos. E há quem também utilize o mar”, contou Emanoel, demonstrando um ar de insatisfação e vergonha.
Situação de Ponta Negra desagrada turistas
Enquanto Emanoel abordava quem ia passando pelas proximidades do banheiro ideológico, os turistas se impressionavam com o retrato adquirido pela praia. Para João Dantas, que veio de Palmas/TO a passeio, a má fama administrativa de Natal já chegou a todo o Brasil. Mesmo achando a ideia do banheiro ideológico um protesto válido, João acredita que não surtirá muito efeito. “E há algum governante aqui? A iniciativa do protesto é interessante, mas não sei se repercute com as autoridades”, criticou.
O metalúrgico Laércio de Oliveira, que veio de Minas Gerais, chegou à Natal pela boa fama da cidade, mas se mostrou arrependido. “Faz uma semana que cheguei aqui e quero ir embora. Sempre tive boas referências da cidade, mas confesso que levei um susto. É muita sujeira na cidade. A impressão que tive é de que Natal é muito suja e desorganizada”, disse. Entretanto, “a culpa não é só do prefeito”.
Para o metalúrgico, as pessoas não deveriam ficar de braços cruzados. “Cadê a associação dos artesãos daqui? Eles ficam de braços cruzados esperando que alguém faça algo. Já que eles lucram com a orla de Ponta Negra, por exemplo, deveriam fazer a sua parte e contribuir com a limpeza da praia. Tudo bem que a prefeitura não fez sua parte, mas ‘o cara’ é dono de uma barraca na praia e permite que o lixo fique acumulando. Isso é falta de organização e de bom senso”, disse.
Para o metalúrgico, as pessoas não deveriam ficar de braços cruzados. “Cadê a associação dos artesãos daqui? Eles ficam de braços cruzados esperando que alguém faça algo. Já que eles lucram com a orla de Ponta Negra, por exemplo, deveriam fazer a sua parte e contribuir com a limpeza da praia. Tudo bem que a prefeitura não fez sua parte, mas ‘o cara’ é dono de uma barraca na praia e permite que o lixo fique acumulando. Isso é falta de organização e de bom senso”, disse.
Laércio ainda criticou os serviços oferecidos aos turistas em Natal, classificando-os como um dos mais caros do País. “Os preços daqui, relativos a outras cidades, estão entre um dos mais caros do Brasil. Tudo isso afasta o turista, mas parece que as pessoas não repararam ainda nisso. Não pretendo mais voltar aqui”, afirmou.
Fonte: JH Online
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