quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Egípcios planejam marcha no Cairo contra Mubarak

Cairo (AE) - Os manifestantes no Egito convocaram ontem uma greve geral sem prazo para terminar. Além disso, pretendem fazer hoje uma “marcha de um milhão”, para marcar a primeira semana do início dos protestos contra o governo do presidente Hosni Mubarak. Foi convocada uma marcha de um milhão de pessoas para o Cairo, mas outra poderá ocorrer em Alexandria, segunda maior cidade do país. Ontem, segundo a emissora Al-Jazira, do Catar, 250 mil pessoas protestaram contra Mubarak na praça Tahrir no centro da capital.


miguel medina / aeEm frente à mesquita, mulheres realizaram manifestação contra o presidente egípcio MubarakEm frente à mesquita, mulheres realizaram manifestação contra o presidente egípcio Mubarak
“Foi decidido durante a noite que haverá uma marcha de um milhão de homens nesta terça-feira (hoje)”, afirmou à France Presse Eid Mohammed, um dos organizadores das manifestações. “Nós também decidimos começar uma greve geral sem data para terminar.”

A greve foi primeiro convocada por trabalhadores da cidade de Suez, no fim do domingo. “Estaremos nos unindo aos trabalhadores de Suez e começaremos uma greve geral até nossas exigências serem atendidas”, afirmou Mohammed Waked, outro organizador dos protestos.

Porta-vozes de vários grupos da oposição, dominados por movimentos de jovens mas que incluem integrantes da proscrita Irmandade Muçulmana, disseram que pretendem marchar até a praça Tahrir, no centro do Cairo, para forçar Mubarak a renunciar até a sexta-feira desta semana. Os grupos de oposição estão se reunindo para unificar sua estratégia e também para analisar se o ex-dirigente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed ElBaradei, pode ser o porta-voz de toda a oposição.

Aparentemente, a Irmandade Muçulmana aceitou deixar de lado suas diferenças com a oposição laica egípcia e se unificar sob ElBaradei. A Irmandade Muçulmana é o maior e mais organizado grupo de oposição. O fato do grupo apoiar ElBaradei indica que ocorreu uma unidade histórica entre grupos laicos e religiosos contra Mubarak.

“O primeiro passo é que Mubarak precisa ir embora. O segundo, que precisamos formar um governo de salvação nacional em coordenação com o exército. O terceiro é que o exército possui essa missão terrível de garantir a segurança”, disse ElBaradei em entrevista à British Broadcasting Corporation (BBC).

O reconhecimento público de qualquer papel que os militares poderão ter em uma possível transição indica que ElBaradei buscar apoio do exército. Desde o golpe militar de 1952 contra o rei Faruk, que acabou com monarquia no Egito, os militares detém um poder considerável no país. Nas décadas mais recentes, eles adotaram um perfil mais discreto.

O porta-voz do Exército do Egito, Ismail Etman, disse que os militares “não usaram e não usarão a força contra o público” e “estão conscientes das legítimas reivindicações do honoráveis cidadãos”.

Centenas de pessoas acamparam durante a noite de domingo para segunda-feira na praça Tahrir, na tentativa de manter ativos os maiores protestos contra o governo no país em três décadas. Após o anúncio da marcha para esta terça-feira, no Cairo, o governo anunciou que todos os serviços de trem estavam cancelados. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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