quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Presidente do Egito afirma que não tentará reeleição

Cairo (AE) - O presidente do Egito, Hosni Mubarak, fez um pronunciamento no começo da noite de ontem no qual afirmou na televisão estatal que não se candidatará novamente à presidência. Mubarak, que está no poder desde 1981, disse que os egípcios enfrentam no momento uma escolha entre “estabilidade ou caos”. Ele anunciou que não vai concorrer a um novo mandato na eleição presidencial marcada para setembro deste ano, mas pretende permanecer no cargo até a posse do sucessor eleito. 


ben curtis/ap/aeOs protestos populares pedindo a renúncia imediata de Mubarak se alastraram pelo Egito, ontemOs protestos populares pedindo a renúncia imediata de Mubarak se alastraram pelo Egito, ontem
Os protestos populares pedindo a renúncia imediata de Mubarak se alastraram pelo Egito ontem. No Cairo, o número de manifestantes que se reuniram na praça Tahrir (Libertação) e nas imediações foi calculado entre 250 mil (pela Associated Press) e mais de 1 milhão (segundo a emissora Al-Jazira e o jornal britânico The Guardian). Os líderes da oposição, o ex-dirigente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, e Osama Ben Ghazli Harb, presidente da Frente Democrática para as Mudanças, disseram que a oposição rejeita qualquer diálogo até que Mubarak renuncie.

 A Irmandade Muçulmana, principal grupo da oposição egípcia e na clandestinidade, afirmou nesta terça-feira que não planeja implantar um “emirado islâmico” no Egito após a queda de Mubarak A declaração partiu de Essam Eryan, um dos líderes do grupo, em entrevista à agência italiana Ansa. “Os cristãos terão os mesmos direitos dos muçulmanos e de qualquer outro cidadão egípcio”, afirmou. Cerca de 10% dos 80 milhões de egípcios são cristãos.

ElBaradei disse que Mubarak precisa deixar a presidência até a sexta-feira. “O que eu ouvi (dos manifestantes) é que eles querem que isso acabe, se não hoje (terça-feira) então até a sexta-feira no máximo”, afirmou ElBaradei, acrescentando que os egípcios marcaram a sexta-feira como o “dia da partida”. Nobel da Paz, ElBaradei já chefiou a AIEA. “Eu espero que o presidente Mubarak vá antes disso e deixe o país após 30 anos de domínio.. não acho que ele quer ver mais sangue”, afirmou ElBaradei.

Enquanto ele falava, alguns milhões de egípcios se reuniam no Cairo e em Alexandria para as maiores manifestações pela queda de Mubarak já feitas no país. Perguntado sobre a oferta de diálogo com a oposição feita pelo vice-presidente Omar Suleiman, ElBaradei disse que apoia um “diálogo nacional amplo”, mas não antes da “partida do presidente Mubarak”. “Se o presidente for embora, tudo vai correr na direção certa”, disse ElBaradei, que enfatizou que as manifestações “devem ser pacíficas”. 

hannibal hanschke/efe/aeMais de um milhão de egípcios foram às ruas ontem pedir democracia e a renúncia do presidenteMais de um milhão de egípcios foram às ruas ontem pedir democracia e a renúncia do presidente
“Mubarak, vá para a Arábia Saudita ou o Bahrein”, “Não te queremos, não te queremos”, gritavam homens, mulheres e crianças na multidão que começou a se formar nas primeiras horas do dia. “Revolução, revolução até a vitória”, entoavam alguns. Entre os manifestantes há representantes de todas as classes sociais egípcias.

Se derrubado, Mubarak será o segundo governante árabe a cair neste ano. Em 14 de janeiro, uma rebelião popular que deixou mais de 200 mortos levou à queda do regime do governante da Tunísia, Zine Ben Ali, que fugiu para a Arábia Saudita após 23 anos no poder.

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