Geração "Neymaravilha" campeã
RAHEL PATRASSO/FRAME/AE
O goleiro desolado com a cara enterrada na grama e Neymar radiante comemorando o gol que abriu o caminho para o título santistaPara repetir o feito obtido no bicampeonato dos tempos de Pelé em 1962 e 1963, o Peixe que faz sucesso no século XXI precisou administrar seus nervos. Depois de ficar no 0 a 0 em Montevidéu, o Peixe teve 45 minutos para conseguir encaixar seu passe. No segundo tempo, enfim balançou as redes uruguaias com gols de Neymar, aos dois, e Danilo, aos 24 minutos.Para aumentar o nervosismo, Durval ainda acabou marcando um gol contra aos 35. A geração que já foi bicampeã paulista e da Copa do Brasil, contudo, conseguiu segurar a vitória suficiente para levar a taça da Libertadores da América à Vila Belmiro. Troféu bem colocado, por novos e talentosos pés, que agora podem encontrar o Barcelona no Mundial de Clubes, no Japão, em dezembro.Grande novidade e esperança santista, Paulo Henrique Ganso foi vítima da surpreendente estratégia do Peñarol no início do confronto. Dono da saída de bola, o time uruguaio adiantou sua marcação a ponto de ficar os primeiros minutos no campo adversário mesmo sem bola. O Peñarol, como prometeu, não abdicou de sua estratégia, logo se posicionando para o desarme atrás do meio-campo. E muito menos o camisa 10 esqueceu de sua principal característica. Com a bola passando nos pés de Ganso, o campo de ataque foi se abrindo com oportunidades para o Santos. Na melhor delas, o camisa 10 deixou Neymar livre, cara a cara com Sosa, mas González evitou. O meia, contudo, não era importante só em lances decisivos. Estimulando as jogadas individuais dos colegas, conseguiu cavar faltas importantes a favor da equipe alvinegra.A bola parada, entretanto, não estava tão calibrada nos pés de Elano, que levava mais perigo alçando em cobranças de escanteio. Como o gol não saía, o nervosismo passou a dominar alguns santistas importantes, como Arouca, Zé Eduardo e até o experiente Léo - estes dois últimos, por excesso de vontade, desperdiçaram chance clara. E o Peñarol conseguia diminuir o perigo adiantando sua marcação novamente no fim do primeiro tempo.Parecia que o jovem time santista seria dominado pelos próprios nervos. Alejandro González já tinha deixado o campo por causa de uma falta dura cometida por Neymar. Na saída para o intervalo, Ganso trocou empurrões com Garcia. Mas os dois astros sabem muito bem o que fazer quando a bola rola.Os dois precisaram de pouco mais de um minuto no segundo tempo para garantir mais um título ao Santos. Ganso iniciou com um passe de letra a arrancada de Arouca, que driblou três até deixar Neymar em condições de abrir o placar com um chute forte, que o goleiro Sosa não conseguiu evitar que parasse em suas redes.Estava provado que, com dois craques, qualquer decisão, mesmo de Libertadores, muda. O antes copeiro Peñarol passou a distribuir pancadas, em nervosismo que resultou em bronca até do técnico Diego Aguirre. A atitude de experiente passou a ser dos Meninos da Vila, totalmente com a final nas mãos.Embalados por um Pacaembu lotado, e gritando, o Peixe tinha um Arouca aceso o suficiente para, com Neymar, Ganso e Elano, trocar passes no meio-campo. A posse de bola era santista, o segundo gol era questão de tempo. E surgiu em uma comprovação de que os craques mudaram o panorama da partida. Antes nervoso, Danilo arrancou pela direita, limpou Darío Rodríguez e, com Guillermo Rodríguez no chão, acertou um belo chute. Jogada típica de um dos Meninos da Vila, para confirmar a festa no Pacaembu. Outros foram perdidos por erros em assistências e novas chances claras desperdiçadas por Zé Eduardo.Para aumentar a tensão e provação dos garotos, Durval acabou fazendo um gol contra ao desviar cruzamento de Estoyanoff, aos 35 minutos. Mas, na base da raça e pressão, o Peñarol não conseguiu superar o momento adverso.Ídolos do passado na torcida O maior ídolo da história do Santos, herói das duas conquistas do time na Libertadores, chegou cedo à sua tribuna no Pacaembu. E também se disse preparado para sofrer na torcida pelo tricampeonato de seu clube na competição na final diante do Peñarol. Sem poder estar em campo para garantir o "bicho", Pelé queria fazer festa com qualquer vitória simples, mas queria ser campeão."Pode ser meio a zero para o Santos Futebol Clube", disse o Rei do Futebol, dando um soco no ar, gesto característico seu após marcar gols, e arrancando gargalhadas dos fãs que o cercavam para abraçá-lo e tirar fotos. O eterno camisa 10 do Peixe disse que costuma ficar tenso quando na torcida. "Fico muito mais nervoso aqui fora do que lá dentro [de campo]. Mas vamos sair com o título", previu.Para conseguir a vitória e o primeiro título do clube na Libertadores desde o bicampeonato em 1962 e 1963, Pelé aposta em seu sucessor na camisa 10. "Espero que ele volte como estava antes de sentir a contusão, há quase dois meses. Ele já tem alguma experiência e será importante, porque o Peñarol vai se defender e tentar complicar. Vamos precisar de um jogador como ele", falou o Rei do Futebol.Se o Rei estava econômico no otimismo, um dos seus fiéis escudeiros de ataque na época áurea do Santos esbanjava confiança, Pepe, inclusive, projetava voos mais altos para garotada da Vila. "Acertei o resultado da partida de ida (empate sem gols), em Montevidéu, e aqui vai ser 3 a 1 para o Santos, com dois gols do Neymar e um do Ganso", previa.A confiança do ex-jogador o faz até imaginar uma eventual final do Mundial diante do Barcelona, campeão europeu. "O Barcelona é um grande time, tem o melhor técnico do mundo, que é o Guardiola, mas acredito que o Santos pode ser campeão em campo neutro", imagina.O sistema atual do torneio é diferente daquele que Pepe disputou, em 1962 e 1963 - contra Benfica e Milan, respectivamente -, depois de ter vencido a Libertadores. Na época, a competição era decidida em duas partidas, entre o campeão sul-americano e o europeu. Atualmente, representantes dos cinco continentes se encaram em jogo único.Ficha TécnicaSantos: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo (Alex Sandro); Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso (Pará); Neymar e Zé Eduardo. Técnico: Muricy RamalhoPeñarol: Sosa; Alejandro González (Albin) (Estoyanoff), Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Corujo, Aguiar, Freitas e Mier (Urretaviscaya); Martinuccio e Olivera. Técnico: Diego AguirreEstádio: Pacaembu (SP) Árbitro: Sergio Pezzota (Argentina) GOLS: Neymar/SAN (1'/2ºT) e Danilo/SAN (23'/2ºT); Durval (contra) (35'/2ºT)Fonte: TNOnline
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