sexta-feira, 3 de junho de 2011

UE contra o novo Código Florestal: ambientalismo ou imperialismo?

A nova representante da União Europeia no Brasil, embaixadora Ana Paula Zacarias, criticou nesta quinta-feira (2) o novo Código Florestal aprovado pela Câmara Federal e a construção da usina Belo Monte, no Pará, recentemente liberada pelo Ibama. Ela insinua que tais fatos constituem uma ameaça para o meio ambiente e podem estimular a violência no campo.

Infelizmente, setores equivocados da nossa esquerda fazem coro a este tipo de argumentos, mas a razão, neste caso, está com o deputado Aldo Rebelo. O ambientalismo de diplomatas europeus, assim como o de muitas ONGs, encobre interesses de outra natureza, que podem ser apropriadamente caracterizados como imperialistas ou neocolonialistas.

Sem moral
A própria mania de dar palpites sobre temas da política interna de outros países já traduz a arrogância própria aos imperialistas. É bobagem imaginar que a União Europeia está realmente preocupada com a defesa da natureza, mesmo porque o déficit ambiental dos países mais ricos, onde a expansão do modo de produção capitalista começou mais cedo, é reconhecidamente bem maior do que o das nações em desenvolvimento e, em especial, do Brasil. Em outras palavras, a embaixadora não tem autoridade moral para dar lições sobre defesa do meio ambiente.

A associação da aprovação do Código Florestal e da construção de Belo Monte com a violência no campo não passa de uma operação insidiosa da propaganda dita ambientalista com propósitos obscuros. A nova representante da UE no Brasil informou que os desdobramentos dos dois temas são acompanhados com atenção pelo bloco. Eles deviam conceder maior atenção à revolta da juventude e da classe trabalhadora castigados pelas políticas neoliberais em voga no velho continente.

Contra o desenvolvimento

Sobre a violência no campo, a embaixadora ressaltou que é necessário manter o alerta por causa do risco de impunidade. “Por vezes, a sensação que nos passa é que há dificuldade em encontrar os verdadeiros responsáveis”, disse ela, em entrevista coletiva em Brasília.

O Código Florestal foi aprovado na semana passada na Câmara dos Deputados e, agora, precisa ser apreciado pelo Senado. Dias antes da aprovação do texto, quatro defensores da natureza e dos trabalhadores rurais foram assassinados no Norte do país, inclusive o militante comunista Adelino Ramos, um sobrevivente do massacre de Corumbiara. A violência contra trabalhadores e lideranças no campo não começou ontem.

Na quarta (1º), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o início das obras da Usina de Belo Monte, apesar das críticas à construção devido a ameaças de danos ambientais e à integridade dos índios que vivem na região. O governo e inúmeros economistas consideram a obra de extrema importância para o desenvolvimento nacional com base numa energia não poluente. Não é de hoje que o imperialismo conspira, de variadas formas, contra o desenvolvimento nacional.

Falsas preocupações
“A União Europeia tem sempre preocupações ambientais, no que diz respeito ao desmatamento e, também, à questão do apoio às populações locais. Se qualquer problema surgir, vamos nos colocar [à disposição]”, disse a embaixadora. À disposição de quem e para quem?

Não custa lembrar que vivemos um momento histórico marcado por uma aguda crise do capitalismo na Europa e nos EUA, pelo deslocamento do poder econômico mundial do Ocidente para o Oriente, ascensão da China, acirramento dos conflitos em diferentes partes do mundo, com destaque para o Oriente Médio e o Norte da África, expansão das bases militares norte-americanas na Colômbia, reativação da 4ª Frota e sanções gratuitas à Venezuela. A agressividade das velhas potências imperialistas é notória e está em alta. As falsas preocupações da diplomata europeia merece apenas o repúdio nacional.

Da Redação, com agências

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