sábado, 18 de junho de 2011

Em greve geral, gregos protestam contra medidas bárbaras

A polícia grega reprimiu, nesta quarta-feira (15), milhares de manifestantes que se concentravam ao redor do Parlamento para reagir ao novo e impopular pacote de medidas de austeridade proposto pelo governo. Os protestos marcam a terceira greve geral de 24 horas, que paralisa vários serviços no país.

Cerca de 25 mil pessoas estavam reunidas na Praça Sintagma, em frente ao Parlamento grego, onde o pacote de medidas de arrocho deve ser votado ainda nesta quarta. Na tentativa de dispersar a multidão, a polícia grega lançou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que responderam atirando pedras contra os policiais.

Os membros do chamado Movimento Indignado pretendiam cercar o prédio do Legislativo, para dificultar a chegada dos deputados ao plenário. Mas a polícia cercou um parque nacional que dá acesso ao Parlamento, possibilitando a passagem dos legisladores. Uma forte operação de segurança foi montada, incluindo também o fechamento de várias áreas do centro de Atenas à passagem de pessoas e veículos.

Do lado de fora do prédio do Parlamento, os manifestantes gritavam palavras de ordem, chamando os deputados e a classe política do país de kleftes, ou ladrões. "Renunciem", diziam aos deputados, cobrando que não aprovem o novo acordo de medidas pactuado pelo governo com a União Europeia e o FMI, à espera de receber um quinto lance de ajuda de 12 bilhões de euros.

Segundo a primeira informação do serviço de emergência médica, Ekab, ao menos três pessoas que participavam do ato foram hospitalizadas com ferimentos leves, entre elas um policial, enquanto outras quatro serão transferidas para receber atendimento médico.

A greve paralisa vários serviços públicos, como o funionamento de escolas e a circulação de trens e navios, e afeta também a imprensa, pois aderiram a ela os jornalistas de todos os veículos.

Também permanecem fechados os bancos, os ministérios, os serviços voltados ao público, as creches e as empresas estatais em vias de privatização. Os hospitais públicos atenderão apenas casos de emergência, os meios de transporte urbanos serão interrompidos por algumas horas e o comércio em Atenas fechará mais cedo.

As exceções desta vez são as companhias aéreas e os aeroportos, que funcionarão normalmente e permitirão os voos para não afetar o turismo, e um par de sites de notícias.

Medidas impopulares
O plano de austeridade tem como finalidade gerar uma economia de 6,5 bilhões de euros neste ano e diminuir o déficit a 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB), por meio de privatizações, cortes salariais, fechamento de empresas públicas e aumentos de impostos.

Em troca, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) concordariam em liberar uma parcela de 12 bilhões de euros para que o governo grego possa pagar a dívida que vence no curto prazo.

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, corre o risco de o novo pacote de medidas não obter o apoio de parte de seu grupo parlamentar, que conta com 156 das 300 cadeiras da Câmara. O governo está tentando evitar uma "rebelião" dentro dos seus próprios quadros.

Na quarta-feira passada, o deputado George Lianis anunciou que deixava o partido governista para se tornar independente. "Você precisa ser cruel como um tigre para votar por essas medidas e eu não sou", disse o deputado e ex-ministro de Esportes, ao anunciar sua mudança.

Pelo menos outro deputado socialista ameaçou votar contra o programa de cortes e privatizações. O primeiro-ministro grego comparou a situação da Grécia com a de um país em guerra, dizendo que está determinado a "vencer" as dificuldades econômicas que o país enfrenta.

Um comunicado emitido na semana passada pelo Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista Grego diz que "a classe trabalhadora, as massas populares e juvenis devem lutar efetivamente contra a escalada de medidas bárbaras".

Segundo a imprensa grega, em reunião extraordinária dos ministros de Finanças dos países da zona do euro sobre a Grécia nesta terça-feira (13), ficou claro que os parceiros europeus exigem que o pacote de medidas e as leis pertinentes sejam aprovados pelo Parlamento grego, apesar da reação popular.

Com agências

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