Em jogo dramático na Polônia, time de Bernardinho não resiste a Mikhaylov, cai no quinto set e vê o adversário conquistar a competição pela segunda vez
Antes da semifinal, tinha sido um atropelamento. Os reservas brasileiros nem fizeram cócegas na Rússia, mas naquele momento o jogo não valia nada. Neste domingo, era para valer o reencontro entre velhos rivais da Liga Mundial. No primeiro set em Gdansk, com vitória brasileira por 25/23, parecia mesmo que desta vez o vencedor seria outro. Não foi. Até a última bola de um jogo dramático, os russos mostraram que não importa se são titulares ou reservas do outro lado da rede. Com um suado 3 a 2 (parciais de 23/25, 27/25, 25/23, 22/25 e 15/11), a equipe europeia se impôs no tie-break, derrubou os comandados de Bernardinho e adiou o sonho do decacampeonato.
Nos últimos dez anos, o Brasil tinha conquistado oito taças da Liga. As únicas exceções tinham sido em 2008, quando perdeu para os Estados Unidos, e lá atrás, em 2002, quando caiu diante da própria Rússia, que agora garante seu segundo título.
O herói russo desta vez foi atacante Maxim Mikhaylov. Autor de 26 pontos, ele infernizou a defesa brasileira do início ao fim, mesmo tendo que sair no meio do jogo para receber atendimento médico após levar um pisão no pé esquerdo. Os maiores pontuadores do Brasil foram Théo e Giba, com 16 cada, mas o time não conseguiu encontrar seu melhor vôlei ao longo da partida.
O saque brasileiro, que vinha tendo altos e baixos na Liga, encaixou no início do jogo, e a equipe verde-amarela manteve uma vantagem apertada. O bloqueio perseguia os atacantes russos em todos os lances, e a diferença no placar chegou a 14/10. A chance de abrir 15/11 no contra-ataque, no entanto, foi desperdiçada, e o adversário acordou. Com três pontos seguidos, a Rússia voltou para o set. Na segunda parada técnica, o time de Bernardinho vencia por 16/15, e o equilíbrio se arrastou até o fim da parcial. Com um saque matador de Lucão, o Brasil fechou em 25/23.
Passistas na quadra
Àquela altura, o clima era favorável até quando a bola não estava no alto. No intervalo para o segundo set, passistas de escola de samba entraram na quadra para animar a torcida. O incentivo funcionou durante um tempo para o Brasil, que abriu a parcial com o bloqueio afiado e três pontos seguidos. Aos poucos, a Rússia foi se encontrando, igualou o placar e, na primeira parada técnica, já vencia por 8/7. O equilíbrio se estendeu até a segunda parada, quando os europeus já venciam por 16/15. A gangorra balançou dali em diante, com os dois países se revezando na liderança.
Quando o placar estava empatado em 24/24, Rodrigão fechou a porta para o ataque russo num bloqueio espetacular. Mas o contra-ataque europeu funcionou para deixar tudo igual outra vez. Volkov deu o troco no paredão e, com um ataque de Biriukov, o set terminou em 27/25. Tudo igual em 1 a 1.
Se na segunda parcial o Brasil pulou na frente, foi a Rússia que comandou o início do terceiro set: 3/0, obrigando Bernardinho a pedir tempo. A vantagem ainda chegou a 4/0, até Muserskiy errar um saque e dar um ponto de graça ao rival. Sidão, que não conseguia se encontrar, devolveu o presente. Sob pressão, a equipe verde-amarela errava muito e, dos três primeiros pontos, dois foram em saques desperdiçados pelos adversários. Na parada técnica, 8/4. A vantagem subiu para 10/5, e Mikhaylov, melhor atacante da equipe, foi para o banco após levar um pisão acidental no pé esquerdo.
De ponto em ponto, o Brasil foi chegando. Após um rali impressionante, Murilo atacou pelo meio e cortou a diferença para 14/12. Marlon foi para o saque e encostou ainda mais. A Rússia tentava abrir, mas levou o troco com um ataque de Théo após uma bola que veio de graça do outro lado. Bruninho tinha dificuldade para encontrar seus atacantes, e assim os russos levaram a vantagem até o fim da parcial. No bloqueio brasileiro para fora, fim de papo: 25/23 e a virada na partida.
O “revezamento” no início dos sets continuou. No quarto, foi o Brasil que abriu 3/0. Mas a exemplo do que vinha acontecendo anteriormente, o equilíbrio logo se instalou no placar. O Brasil conseguiu segurar uma vantagem de três pontos na parte final, graças aos erros em sequência dos russos. Na hora H, abriu quatro e ficou confortável no set point. E nem precisou se esforçar: Ilinykh sacou para fora, muito longe, e a parcial terminou em 25/22. Se disputa de título sem drama não tem graça, ali estava o tie-break para comprovar a tese.
Logo na abertura, com um ataque de Murilo, os jogadores brasileiros vibraram como se fosse o título. Quando abriu 2/1, um erro grosseiro da arbitragem. Um bloqueio brasileiro colocou a bola dentro – muito dentro –, mas o juiz deu fora, e a Rússia igualou o placar. Daí a fúria de Rodrigão no ataque seguinte, retomando a liderança. Mas os rivais não se entregavam. Na parada técnica, já venciam por dois pontos de diferença: 8/6.
O drama aumentou na volta à quadra, com um ataque errado de Vissotto, e a bronca de Bernardinho parece não ter dado resultado. Os erros se acumulavam, e o sonho do deca foi saindo da quadra de fininho. A Rússia não tirou o pé do acelerador, se impôs e venceu os brasileiros pela segunda vez no torneio: 15/11 no tie-break, 3 a 2 na decisão. Com a diferença de que, agora, foi contra os titulares. E valeu a taça.
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