domingo, 4 de novembro de 2012

Estiagem adia segunda etapa da vacinação contra a febre aftosa no Rio Grande do Norte



Estados e municípios da Região Nordeste afetados pela seca deste ano poderão decidir se prorrogam ou suspendem a vacinação. Foto: Divulgação
Sem previsão de chuvas para os próximos três meses e em pleno inquérito epidemiológico, a diretora geral do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), Fabiana Lo Tierzo, resolveu prorrogar em 30 dias o início da segunda etapa da campanha de vacinação contra aftosa, que deveria iniciar na última quinta-feira, 1° de novembro. A flexibilização do calendário de vacinação, em casos extremos de chuva ou seca excessiva, está prevista na legislação brasileira.
Assim, em vez de terminar em 15 de dezembro, a vacinação será concluída em 15 de janeiro. Dos nove estados do Nordeste, só o RN e a Bahia, até o momento, decidiram-se pelo adiantamento e o Piauí já anunciou que irá suspender a campanha. Nesse caso, o estado corre o risco de ver trancado seu trânsito animal para outros estados, como recentemente ocorreu com o RN em relação a Pernambuco e Ceará.
Hoje, Fabiana Lo Tierzo explicou que resolveu prorrogar a campanha em função da seca que atinge o Nordeste, dando mais tempo para que os produtores adquiram as vacinas e novas remessas de milho do estoque do governo cheguem à região.
Além disso, espera-se que os pequenos produtores com até 10 cabeças de bovino e 30 cabeças de ovinos e caprinos comecem a se beneficiar de doações de volumoso já autorizadas pelo governo do estado a serem repassadas pela Emater.
Lo Tierzo disse que resolveu tomar essa decisão depois de se reunir com técnicos do instituto e colher informações nos estados vizinhos que atravessam o mesmo problema da estiagem. “Com essa seca, que ainda deverá ser longa, seria temeroso esperarmos mais para uma decisão”, afirmou.

Por decisão do Idiarn, nova data será 15 de janeiro. Foto: Divulgação
A meta é garantir um índice de vacinação de 80%, considerado satisfatório pelo Ministério da Agricultura em tempos de seca. Nas demais regiões do País, esse índice é de 85%.  Onde ocorrer prorrogação ou suspensão da vacinação, os bovinos que precisarem ser transportados para outros estados terão que ser vacinados previamente, segundo informações do Mapa.
Flexibilizar o calendário da segunda etapa da vacinação tem por objetivo amenizar os prejuízos contabilizados pelos produtores nordestinos. A ideia é impedir que os produtores que já perdem animais para a estiagem e a desnutrição não os percam em virtude do manejo mal feito, pois já estão com os organismos debilitados pela falta de água de alimento.
Segundo o diretor de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, o manejo é o único risco nesses casos. Mas garantiu  que, ao vacinar  animais, os produtores não precisam se preocupar com os efeitos da imunização, já que a vacina não provoca mortalidade ou aborto. O que provoca, segundo os técnicos, é o manejo inadequado do rebanho agravado pela fome e sede e o estresse provocado nos animais.
Hoje, o presidente da Federação de Agricultura do RN, José Álvares Vieira, informou que das quase 94 mil toneladas de milhos do estoque dos armazéns da Conab que deveriam abastecer o estado, apenas 1/3 – 28 mil toneladas – chegaram até o momento nos últimos três meses. “Temos algum milho em Mossoró, Caicó, Umarizal e João Câmara e nem um saco em Natal”, afirmou Vieira.
Segundo ele, já está em vigor da cota de 10 sacos de 60 kg por produtor e o Governo Federal, embora não esteja de braços cruzados, ” ainda não faz o que é possível para minimizar os fetos da seca na região”.
Sobre o plano de emergência anunciado recentemente pela governadora Rosalba Ciarlini para investir R$ 1 bilhão no Estado em obras emergenciais e estruturantes contra a seca, Vieira disse que os recursos efetivamente desembolsados ainda são muito modestos diante da gravidade da situação.
A posição do Piauí de adiar a vacinação não deixa de ser realista. O estado defende que a vacinação seja feita somente só após a volta das chuvas na região castigada pela seca, ou seja, dentro de dois ou três meses.
Desde 2003, o Piauí também luta para se transformar em área livre de febre aftosa, transformando-se em área de risco médio. O passo seguinte seria transformá-lo em área livre de aftosa com vacinação, mesmo foco do RN. Os resultados da última etapa da campanha ali conseguiram superar os do RN, com 97% do rebanho atingido.
Fonte: JH Online

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