Um ranking de educação divulgado ontem mostrou que o Rio Grande do Norte continua entre os piores do País nesta área. O estado obteve apenas 371 pontos no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o mesmo que Acre e Amazônia. O trio superou apenas Alagoas e Maranhão, que pontuaram 354 e 355, respectivamente. A média nacional foi 401 e o Brasil ficou entre os países que mais cresceram desde 2006.
Para a coordenadora do Instituto de Desenvolvimento (Ideb), Cláudia Santa Rosa, o resultado no Rio Grande do Norte é reflexo da falta políticas públicas dos últimos anos. “A gente vem de um processo de práticas nada coerentes na Educação. A nossa gestão não tem sido suficiente para alterar o diagnóstico que os estudos vêm realizado”, disse por telefone à TRIBUNA DO NORTE.
Ela apontou os baixos investimentos aplicados no Ensino Básico, a descontinuidade de gestão, a falta de preparo dos gestores da escola (apesar do avanço da eleição direta para diretores), a precária infraestrutura de muitas unidades de ensino e a falta de professores, como alguns dos responsáveis pelo baixo desempenho potiguar. Outras questões seriam a falta de mecanismos que punam gestores que não cumprem com as obrigações previstas na Constituição, os baixos repasses do Governo Federal aos municípios, responsáveis pela Educação Básica, e a ausência de um Plano Estadual de Educação. “Desde 2001 nós deveríamos ter formulado o nosso Plano. Sem um plano, não há planejamento”.
Entre os avanços pontuais, destacou os programas de promoção à leitura, dos quais participa, e a aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (ainda não implementado pelo Governo Estadual).
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sinte), Fátima Cardoso, também lembrou a falta de diálogo entre Estado e Municípios e a descontinuidade das políticas públicas. “Foram dez secretários de Educação em oito anos. Os programas não têm continuidade. O Rio Grande do Norte poderia ter galgado outras posições”.
A Secretaria Estadual de Educação alegou desconhecimento dos dados oficiais e afirmou que só comentaria o ranking hoje.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, atribuiu os desempenhos fracos do Norte e Nordeste à falta de investimentos das últimas décadas. “É muito injusto cobrar do Norte e do Nordeste um desempenho comparável com o do Sul e do Sudeste, sabendo que só muito recentemente nós estamos dando as condições para que esses estados possam formular políticas educacionais consistentes”, disse. As dez melhores posições ficaram com estados do Sul e Sudeste e o Distrito Federal.
Matemática ainda é ponto mais fraco
A matemática ainda é o ponto mais fraco dos estudantes do Brasil. Apesar de ter subido 16 pontos, a média nacional - de 386 - ainda fica 111 pontos abaixo da média da OCDE. Em ciências, a média brasileira subiu 15 pontos e chegou a 405, enquanto em leitura, onde houve a maior evolução - 17 pontos -, alcançou 412.
Os melhores números, no entanto, ainda deixam uma boa parte dos alunos pelo caminho. Em leitura, quase metade dos brasileiros avaliados alcança apenas o nível 1. Em três anos, houve uma melhoria de apenas 6 pontos percentuais. O nível 1 significa que esses adolescentes são capazes de encontrar informações explícitas nos textos e relacioná-las com o cotidiano deles. E só. Não são analfabetos, mas têm somente o grau mínimo de habilidade de leitura.
Em matemática, 69% dos estudantes do País chegam apenas ao nível 1, contra 73% em 2006. Esses jovens não conseguem ir além dos problemas mais básicos e têm dificuldades de aplicar conceitos e fórmulas. Na avaliação da OCDE, eles teriam inclusive dificuldades de tirar proveito de uma educação mais avançada.
Em ciências, 54,2% dos brasileiros avaliados ficaram no nível 1 - ou seja, conseguem apenas entender o óbvio e têm enormes dificuldades de usar ou compreender essa disciplina. Em 2006, 61% estavam nesse patamar. Na outra ponta, apenas 1,3% dos estudantes atinge os níveis 5 e 6 em leitura, 0,8 % em matemática e 0,6% em ciências.
A evolução revelada na prova foi comemorada pelo governo, já que em apenas três anos o País conseguiu mostrar, pela primeira vez, resultados consistentes. Entre 2003 e 2006, a média geral brasileira havia crescido apenas um ponto. Em leitura, havia caído 10, e permanecido estável em ciências. Apenas matemática havia crescido.
Brasil evoluiu, mas resultado ainda é considerado ruim
Brasília (AE) - O Pisa trouxe uma boa notícia para o Brasil: a média do País subiu 33 pontos entre 2000 e 2009. Os números, porém, devem ser comemorados com moderação. O Brasil ainda está nos últimos lugares da avaliação - 53º de 65 países - e a maioria dos estudantes não passou do primeiro em seis níveis de conhecimento. Os resultados apontam ainda que nenhum aluno que fez a prova chegou ao nível mais alto em ciências e só 20 chegaram ao nível 6 em leitura e matemática.
Em nove anos, o País nunca conseguiu ir além das últimas posições - chegou a ficar nos últimos lugares nas primeiras edições. Neste ano, conseguiu passar, na América Latina, Argentina e Colômbia, mas ainda está atrás de México, Chile e Uruguai (veja números no infográfico).
A evolução registrada em 2009 pode ser considerada significativa - o País foi o terceiro que mais cresceu -, mas ainda deixa a desejar. Partindo de um patamar muito baixo, o Brasil alcançou o nível 2 nas três áreas avaliadas. Mas deixou para trás mais da metade dos 20 mil estudantes que fizeram a prova.
Os resultados do Pisa mostram que 98,2% dos brasileiros que fizeram a prova não podem ser considerados com “alto desempenho” em nenhuma área.
Nível mais alto de todos, o 6 é difícil mesmo para países desenvolvidos. Nenhum passa de 3% em leitura e de 4% em ciências. Já em matemática, há exceções, como Xangai (China), em que 26,6% alcançam o patamar mais alto. O problema brasileiro é que a maior parte de seus jovens não alcança a média (níveis 3 ou 4).
MEC
Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que na rede federal de educação básica a média é bastante superior: 528 pontos. É mais do que a meta estabelecida para que o país alcance até 2021 e acima da média dos países da OCDE. Essas escolas são geralmente ligadas às universidades federais e funcionam como laboratórios de novas práticas pedagógicas para os cursos de formação de professores.
“É uma rede pequena, mas mostra que o setor público sabe oferecer boa educação, mas pra isso você tem que remunerar bem o professor, investir em laboratórios, em educação integral, [esses] são componentes do sucesso escolar”, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Avaliação
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é realizado a cada três anos. O objetivo é avaliar o nível educacional dos jovens de 15 anos em todos os países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São incluídas no trabalho 65 nações. Entre elas estão as consideradas de Primeiro Mundo e outras que são convidadas. É o caso do Brasil, que participa desde 2000, entre outros como México, Argentina e Chile
Em 2009, ano da prova mais recente, foram selecionados 400 mil jovens em todo o mundo,. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Alguns elementos avaliados, como o domínio de conhecimentos científicos básicos, fazem parte do currículo das escolas, porém o Pisa pretende ir além desse conhecimento escolar, examinando a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências, enfocando competências que serão relevantes para suas vidas futuras.
alex régisBrasil ocupa a 53ª posição no ranking da OCDE. Educação ainda precisa avançar mais nos três níveis avaliados pela pesquisa
O estado chegou a involuir três pontos em Leitura – uma das três áreas de conhecimento testadas, junto com Matemática e Ciências – em relação a 2006, o penúltimo ano de aplicação de provas (veja infográfico). Apesar disso, este item continuou sendo o forte dos estudantes potiguares, que obtiveram média 383,5. A pior nota foi para Matemática: 360,2, apesar do avanço nesta área. O mesmo aconteceu no resto do País. De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o melhor desempenho se deveu à consolidação do Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Os potiguares obtiveram média 369,4 em Ciências. Para a coordenadora do Instituto de Desenvolvimento (Ideb), Cláudia Santa Rosa, o resultado no Rio Grande do Norte é reflexo da falta políticas públicas dos últimos anos. “A gente vem de um processo de práticas nada coerentes na Educação. A nossa gestão não tem sido suficiente para alterar o diagnóstico que os estudos vêm realizado”, disse por telefone à TRIBUNA DO NORTE.
Ela apontou os baixos investimentos aplicados no Ensino Básico, a descontinuidade de gestão, a falta de preparo dos gestores da escola (apesar do avanço da eleição direta para diretores), a precária infraestrutura de muitas unidades de ensino e a falta de professores, como alguns dos responsáveis pelo baixo desempenho potiguar. Outras questões seriam a falta de mecanismos que punam gestores que não cumprem com as obrigações previstas na Constituição, os baixos repasses do Governo Federal aos municípios, responsáveis pela Educação Básica, e a ausência de um Plano Estadual de Educação. “Desde 2001 nós deveríamos ter formulado o nosso Plano. Sem um plano, não há planejamento”.
Entre os avanços pontuais, destacou os programas de promoção à leitura, dos quais participa, e a aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (ainda não implementado pelo Governo Estadual).
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sinte), Fátima Cardoso, também lembrou a falta de diálogo entre Estado e Municípios e a descontinuidade das políticas públicas. “Foram dez secretários de Educação em oito anos. Os programas não têm continuidade. O Rio Grande do Norte poderia ter galgado outras posições”.
A Secretaria Estadual de Educação alegou desconhecimento dos dados oficiais e afirmou que só comentaria o ranking hoje.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, atribuiu os desempenhos fracos do Norte e Nordeste à falta de investimentos das últimas décadas. “É muito injusto cobrar do Norte e do Nordeste um desempenho comparável com o do Sul e do Sudeste, sabendo que só muito recentemente nós estamos dando as condições para que esses estados possam formular políticas educacionais consistentes”, disse. As dez melhores posições ficaram com estados do Sul e Sudeste e o Distrito Federal.
Matemática ainda é ponto mais fraco
A matemática ainda é o ponto mais fraco dos estudantes do Brasil. Apesar de ter subido 16 pontos, a média nacional - de 386 - ainda fica 111 pontos abaixo da média da OCDE. Em ciências, a média brasileira subiu 15 pontos e chegou a 405, enquanto em leitura, onde houve a maior evolução - 17 pontos -, alcançou 412.
Os melhores números, no entanto, ainda deixam uma boa parte dos alunos pelo caminho. Em leitura, quase metade dos brasileiros avaliados alcança apenas o nível 1. Em três anos, houve uma melhoria de apenas 6 pontos percentuais. O nível 1 significa que esses adolescentes são capazes de encontrar informações explícitas nos textos e relacioná-las com o cotidiano deles. E só. Não são analfabetos, mas têm somente o grau mínimo de habilidade de leitura.
Em matemática, 69% dos estudantes do País chegam apenas ao nível 1, contra 73% em 2006. Esses jovens não conseguem ir além dos problemas mais básicos e têm dificuldades de aplicar conceitos e fórmulas. Na avaliação da OCDE, eles teriam inclusive dificuldades de tirar proveito de uma educação mais avançada.
Em ciências, 54,2% dos brasileiros avaliados ficaram no nível 1 - ou seja, conseguem apenas entender o óbvio e têm enormes dificuldades de usar ou compreender essa disciplina. Em 2006, 61% estavam nesse patamar. Na outra ponta, apenas 1,3% dos estudantes atinge os níveis 5 e 6 em leitura, 0,8 % em matemática e 0,6% em ciências.
A evolução revelada na prova foi comemorada pelo governo, já que em apenas três anos o País conseguiu mostrar, pela primeira vez, resultados consistentes. Entre 2003 e 2006, a média geral brasileira havia crescido apenas um ponto. Em leitura, havia caído 10, e permanecido estável em ciências. Apenas matemática havia crescido.
Brasil evoluiu, mas resultado ainda é considerado ruim
Brasília (AE) - O Pisa trouxe uma boa notícia para o Brasil: a média do País subiu 33 pontos entre 2000 e 2009. Os números, porém, devem ser comemorados com moderação. O Brasil ainda está nos últimos lugares da avaliação - 53º de 65 países - e a maioria dos estudantes não passou do primeiro em seis níveis de conhecimento. Os resultados apontam ainda que nenhum aluno que fez a prova chegou ao nível mais alto em ciências e só 20 chegaram ao nível 6 em leitura e matemática.
Em nove anos, o País nunca conseguiu ir além das últimas posições - chegou a ficar nos últimos lugares nas primeiras edições. Neste ano, conseguiu passar, na América Latina, Argentina e Colômbia, mas ainda está atrás de México, Chile e Uruguai (veja números no infográfico).
A evolução registrada em 2009 pode ser considerada significativa - o País foi o terceiro que mais cresceu -, mas ainda deixa a desejar. Partindo de um patamar muito baixo, o Brasil alcançou o nível 2 nas três áreas avaliadas. Mas deixou para trás mais da metade dos 20 mil estudantes que fizeram a prova.
Os resultados do Pisa mostram que 98,2% dos brasileiros que fizeram a prova não podem ser considerados com “alto desempenho” em nenhuma área.
Nível mais alto de todos, o 6 é difícil mesmo para países desenvolvidos. Nenhum passa de 3% em leitura e de 4% em ciências. Já em matemática, há exceções, como Xangai (China), em que 26,6% alcançam o patamar mais alto. O problema brasileiro é que a maior parte de seus jovens não alcança a média (níveis 3 ou 4).
MEC
Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que na rede federal de educação básica a média é bastante superior: 528 pontos. É mais do que a meta estabelecida para que o país alcance até 2021 e acima da média dos países da OCDE. Essas escolas são geralmente ligadas às universidades federais e funcionam como laboratórios de novas práticas pedagógicas para os cursos de formação de professores.
“É uma rede pequena, mas mostra que o setor público sabe oferecer boa educação, mas pra isso você tem que remunerar bem o professor, investir em laboratórios, em educação integral, [esses] são componentes do sucesso escolar”, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Avaliação
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é realizado a cada três anos. O objetivo é avaliar o nível educacional dos jovens de 15 anos em todos os países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São incluídas no trabalho 65 nações. Entre elas estão as consideradas de Primeiro Mundo e outras que são convidadas. É o caso do Brasil, que participa desde 2000, entre outros como México, Argentina e Chile
Em 2009, ano da prova mais recente, foram selecionados 400 mil jovens em todo o mundo,. No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Alguns elementos avaliados, como o domínio de conhecimentos científicos básicos, fazem parte do currículo das escolas, porém o Pisa pretende ir além desse conhecimento escolar, examinando a capacidade dos alunos de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências, enfocando competências que serão relevantes para suas vidas futuras.
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